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Crônicas de um lugar perdido 2º parte

                Eles estavam passando pela rua da qual eu estava, a do trilho com pedras batidas, com sacolas de pão e algo a mais que tinham comprado em alguma padaria. O velho tinha dito para eles virem até lá para ver se me encontrava, mas como eu estava escondido só deu para ver a garota discutindo com seu irmão. Ela parecia preocupada com alguém que poderia aparecer naquele momento, expressava raiva e pressa ao mesmo tempo. Apontava lugares do qual a devida pessoa poderia aparecer. Percebi que do lugar que estava eles não me encontrariam e resolvi ir de encontro a eles.

                Eles eram neto do velho que tinha me ajudado no começo do dia. A garota tinha mais ou menos 14 anos, e o garoto tinha mais ou menos 17. Era morena, e o menino era negro.  Ao sair do lugar que estava os olhares despertavam minha atenção. Eu era o único branco da vila, e também o “novato” que der repente tinha aparecido no lugar errado. No qual todos sabiam que iriam ver minha cara sempre, porque trem nem um passariam mais naquela vila depois do ocorrido. Eu dei apenas 3 passos após sair da casa que eu estava, para a garota e o garoto olharem para mim. Quer dizer, todas as pessoas olharam para mim. A garota logo segurou na minha mão e puxou-me para junto deles, ela estava me levando para a casa do velho. Á passos largos e apressados nós nos conhecemos até chegar a casa. A garota se chamava Nina, e o garoto se chamava Michael. Nina era uma tagarela, enquanto que Michael não era de falar muito, nos instantes que estávamos nos conhecendo Nina dizia como era o horário bom para sair naquela vila. Antes das 8 da noite era a melhor hora, depois disso estaríamos sujeitos aos guardiões da vila. Não sei por que ela me dizia isso, eu não iria sair para canto nem um até achar que pudesse sair. Eu analisava toda a vila enquanto percorríamos pelos corredores que cada casa fazia entre elas. Era um lugar distante o bastante para os guardiões não os encontrar. Nina dizia motivos óbvios pelo os quais devíamos estar tão escondidos.

Ela dizia que eles eram medíocres e insanos, praticavam o jeito deles de impor a qualquer jovem que encontrasse na vila um lugar no grupo. Mas para entrar no clã se passava por coisas malucas, e os primeiros que entram são para o cargo de cobaias, ou seja, morte na certa. Era comandado por uma cara cabelo rastafári tipo Bob Marley, que ao contrário dele, era cruel e só pensava no respeito que as pessoas deviam mostrar para o mesmo. Seu nome era Cabala, do qual pelo nome já poderia sentir medo dele. Ele tinha algo especial, eu percebi logo.

Quando chegamos ha casa do velho já me sentia muito cansado, meu próprio rosto já demonstrava isso. Michael mesmo sendo calado, percebeu meu estado, sugeriu-me dormir na cama dele.  O quarto tinha apenas duas camas, onde dormiam apenas Nina e ele. Não tinha porta e o barulho da sala dava para se ouvir. Estava tão sonolento que me via fechando os olhos, mas ainda escutei Nina dizendo algo lá da sala.

- Ah não! Eles nos seguiram.

                Não foi o bastante para impedir que eu dormisse. Em meus devaneios de ilusões tive um sonho muito bom. Sonhei que estava em minha casa, com toda a minha família. Eram um daqueles sonhos que se pareciam tão reais, mais tão reais, que se ficava com dor de cabeça depois. Der repente acordo-me com um grito escandaloso de Nina.

                - NÃÃÃOOOooo!!!


Continua...

Comentários

  1. Nossa que legal...mas essas continuações estão me matando, muito envolvente essa crônica!!!

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  2. Estou amando essa crônica é tão envolvente e passa um suspense em uma dose certa, que te deixa viciado...

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  3. gostei da segunda parte....muito boaa..aguardo anciosa o final..

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  4. Lendo essa crônica tão bem produzida lembro da quando lia "Menino de engenho", história real que se passou lá na Paraíba, se não me falha a memória, há pouco mais de 50 anos atrás. Aquele autor tinha uma intimidade muito grande com as palavras, e um jeito muito simples de descrever as coisas: os rios, os animais, o engenho, os escravos, assim como você, André, que tem este dom de escrever crônicas tão inspirantes que dão vontade de ler até o final. Tô curioso pra saber o desfecho dessa história tão empolgante. Parabéns!

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